terça-feira, 29 de maio de 2012

condizente















Pensei em poesias, flores, cores e novos tons.
Tentei tirar do violão velho, novos sons
E abrir meu mais novo sorriso à vida
Sem as precauções dos próprios paradigmas

E vi entre as palavras não ditas
Os argumentos  de outras vidas
Passageiras, momentâneas e insólitas
Perdidas na compreensão de velhas memórias

Colhi galhos caídos de outros outonos
Relembrando de amores que já não somos
À espera de um novo inverno  sozinho
Tendo encontrado na felicidade um novo caminho

E talvez, não me faça falta
O que não me pesa na alma
Nem a consequência do verbo
Que ficou preso ao silêncio eterno

Com meus silêncios
Deixei de viver de momentos
E passei a ser mais sentimentos

Recriando-me, encontro o eu
Que em outra vida lhe pertenceu
Mas que por hora, é só meu










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terça-feira, 22 de maio de 2012

A história da sala secreta e o dia que conheci as poesias de Fernando Pessoa


Há muito tempo atrás, na época em que eu cursava o ensino médio, em uma escola pública da minha cidade, ouvia-se pelos corredores a antiga história de fantasmas mal assombrados de 4 alunos do ano de 89 que haviam morrido em um incêndio numa das salas do porão. Durante muito tempo, esta história fez-se viva entre os alunos, fazendo com que nenhum deles, jamais ousasse adentrar na sala do porão embaixo das escadarias. 
Era uma noite de agosto, e eu e meus colegas estávamos fazendo apresentações do grêmio estudantil para a turma do terceiro ano que estudavam a noite.  Durante o intervalo, brincadeira vai, brincadeira vem,  e logo , o tema de discussão do grupo era sobre a existência de fantasmas na escola. Eu, com meu fascínio pelo mistério,  sempre me colocava a disposição para desvendá-los.  E lá pelas tantas horas, um de meus amigos, chamou a garota que eu gostava e me armaram um desafio.  Disseram-me que se eu conseguisse a chave da porta da sala embaixo da escada e entrasse lá e por lá ficasse durante um período, a garota, em retribuição me daria um beijo.
Não havia como negar tal desafio.
Levei dois dias para conseguir roubar as chaves do zelador, e testar uma por uma, até que encontrasse a chave certa. Disse aos meus amigos, que poderiam me esperar na próxima noite, que eu entraria.
Na noite seguinte, eu e meus amigos, voltamos a escola a noite, para terminar a apresentação e concluir meu desafio sinistro. Um período inteiro dentro da sala assombrada. 50 minutos que poderiam ser os mais assustadores da minha vida. Mas na época, eu era um adolescente, e adolescentes fazem de tudo por um beijo da menina mais linda da escola.
Era Por volta das oito da noite, as escadarias estavam desertas e não havia nenhuma alma no saguão. Tirei a chave do bolso, e não havia como negar. Eu estava com medo. Mas não votaria atrás. Desci as escadas até o porão, coloquei a chave no trinco e girei a maçaneta devagar.  A porta soltou um rangido alto que ecoou por todo o saguão, como se não fosse aberta à mil anos.  E então, depois de observar o escuro em seu interior, adentrei. Fechei a porta atrás de mim, ainda tremendo. Minhas mãos tatearam as paredas cegamente atrás de um interruptor, e minha mente, já começava a produzir ilusões motivadas pelo medo. Até que finalmente, encontrei o interruptor. Ao acender a luz, tive um espanto assombroso.
A sala estava repleta de livros velhos. Quase todos relacionados à poesia.  E em meio a todos aqueles livros, peguei um que estava sobre o chão. Um livro de poesias de Fernando Pessoa.  Um conjunto de poemas do poeta português, que até aquele momento, eu nunca tinha ouvido falar. Comecei a ler, e não pude mais parar. O jeito como ele descrevia o amor, a forma alinhada de suas palavras me encantaram.
Ao sair da sala, meus amigos não acreditaram na minha coragem, e eu ganhei o meu prêmio, o beijo da garota mais linda da escola. Mas meu maior troféu, naquela noite e em todo o resto da minha vida, foi minha descoberta naquela sala.
Algum tempo depois, perguntei ao professor de português sobre o incêndio, e ele disse que isso nunca aconteceu. Contei a ele sobre a sala do porão e os livros esquecidos, e ele me disse que lá, funcionou u clube de leitura muito antigo, que já não existia mais. Os livros ficaram esquecidos até minha descoberta naquela noite. E aquela sala, foi meu refúgio por 4 anos.

Lá eu me escondia do mundo todo, para ficar em paz com os meus fantasmas, e os livros sem dono.

Acredito que até hoje a sala ainda esteja lá, com os livros todos espalhados pelos quatro cantos. Mas ainda assim, continuará sendo meu refúgio secreto. Porque o tempo passou, eu saí da escola, mas nunca devolvi a chave de volta ao zelador... 














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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Retribuindo a gentileza


No ano passado, soube através da Cátia Bosso do blog : Cátia Bosso Poesias  que eu tinha uma fã, que adorava ler minhas poesias. E essa fã era ninguém menos que sua filha, a querida Lívia, que na época, tinha 10 anos. E acredite, vocês, donos de blogs famosos, podem até achar isso insignificante, mas para mim, foi um motivo de orgulho muito grande.  Tocar o coração de gente grande, é algo compreensível. Mas tocar o coração de alguém tão jovem, é algo fantástico. Algo que me deu muita força pra manter viva toda a poesia humilde e cambaleante em mim.
E ainda mais porque Lívia é filha da talentosíssima poetisa  Cátia Bosso, que sempre me encantou com a graciosidade e leveza das palavras desde que comecei aqui no blog.

E algumas semanas atrás, A Lívia me mostrou seu Tumbrl, e lá havia um texto em homenagem ao Escritos desvairados.  E então decidi homenageá-la aqui também, indicando seu Tumbrl pra todo o pessoal que me visita:



Tumbrl da Lívia




Lívia, admiro sua inteligência e leveza com as palavras. Com certeza, tens o dom da mamãe coruja, para escrever com o coração, fazendo das letras, belas melodias de sentimento!

Parabéns a tí!












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terça-feira, 15 de maio de 2012

Croniqueiro




















Noite de chuva mansa me remete a histórias corriqueiras
E poesias de palavras abrangentes e passageiras.
Linhas longas de vida distante
Espaço curto de tempo constante.

Noites frias, com cheiro de café quente
Amores passados, de aroma presente
Encontro de almas às escondidas
Sonho e histórias perdidas.

Noite de céu escuro e nublado
Triste é o inferno sem alguém do lado
Mas assim é a vida de quem inventa amores
De quem faz palavras com seus próprios dessabores.

As escritas, floreiam as folhas brancas e solitárias,
Deixando suas pequenas intenções bem claras
-Que este poeta, só quer apenas ser amado-
Nem que seja mais um simples amor inventado








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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ruínas dançantes de uma bailarina inventada






















Ela dançava a valsa no topo do edifício
E em ruinas, ruíam as mentiras sobre nós.
De danças casuais, à amores desiguais
Desatamos nossos laços, dançando a sós.

E em cada nova melodia, a bailarina sorria.
Do alto, de cima de onde já não se ouvia.
Havia em nós histórias descabidas em silêncios.
Alheios, aos olhares,  presa em mistérios.

E de controversos versos, foi se indo
A paixão, a dança, e a bailarina caindo
Até que num abrir de asas virou borboleta, e voou.
Para a liberdade, para a vida enfim brilhou.

E dos amores, pouco estranhos, nada restou
Guardados no alto edifício
Fez da vida seu pequeno ofício
Na mente cansada de descasos

[Ora, deveria ser acaso.
Ora,deveria ser destino
Tanto faz.
Estava livre, feliz e em paz...]





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terça-feira, 1 de maio de 2012

18 anos sem o maior Brasileiro de todos os tempos. Saudades de Ayrton Senna



Eu era garoto, tinha pouco mais de 4 anos. E já me emocionava a cada corrida quando ouvia o grito de campeão do Galvão, e logo em seguida: “Ayrton Senna do Brasil” E naquela manhã, como não poderia ser diferente, eu estava assistindo aquela corrida. Sentadinho, no tapete da sala, brincando com um carrinho e me imaginando um dia estar lá, correndo com ele.

E depois disso, eu só me lembro daquela tristeza.

Do carro dos bombeiros no cortejo , centenas de milhares de pessoas seguindo o corpo de Ayrton por são Paulo,  e meu pai, tentando conter as lágrimas sentando no sofá, dizendo para mim, que tudo aquilo não era verdade.

Foi um momento da minha infância que me marcou demais, por ser tão triste, tantos silêncios, tantos choros.

Ele foi, ele é, ele sempre vai ser o maior brasileiro de todos os tempos.
E vai sempre nos lembrar, de que o orgulho é sempre maior que qualquer tristeza.

E dele, eu sempre vou ter a lembrança maior das vezes que ouvi o tema da vitória.  Sempre vou ter a lembrança daquela corrida, que ganhou com apenas uma das marchas, dando todo seu esforço para estar no pódio. Dele, eu sempre vou me lembrar, de que o bem, é nossa maior riqueza.

Hoje fazem dezoito anos que ele partiu. E quando fecho meus olhos, ainda choro, por lembrar daquele momento mágico, ouvindo a voz de Galvão Bueno gritando:

“Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil”







Esteja bem meu herói.




"Agora, que todas as palavras foram ditas, que todas as cenas de uma vida foram velozmente revistas; A alma é uma pista vazia, a espera que os motores do dia, arranquem, e nos traga alguma alegria"
(Galvão Bueno)








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