Uma história de: F.H.Canata |
O bom Lestrade esperava-me em minha sala de
visitas há algumas horas. Era uma linda manhã se me lembro bem, detalhes
triviais como um agradável dia de verão ou um dia completamente obscuro pela
densa neblina só me eram gravados na memória, se fizessem de algum modo parte
de alguma investigação dos meus registros, caso contrário eu nunca dedicara
atenção a eles de forma precisa. Watson não
dividia mais o 221B da Baker Street
comigo na época, de forma que, a excitação de Lestrade teve que esperar sozinho
até que eu acordasse por completo e me vestisse para o café da manhã.
- Oh,
Holmes temo trazer-lhe notícias desfavoráveis. Ela...
-Fugiu. – Completei de forma brusca a frase, olhando
calmamente a rua com seus cabriolés vespertinos, pouco apressados, uma vez que
era um domingo como tantos outros, dia de descanso.
-
Então o senhor já sabe, senhor Holmes? Como soube? – Perguntou-me incrédulo o
inspetor da Scotland Yard.
- De
certa forma, sim. Os fatos que eu sei, eliminam teorias e induz-me a deduzir o
óbvio- Disse-lhe.
-O
senhor surpreende-me senhor, com seus métodos.
-Não
há nada para se surpreender aqui Lestrade.
Basta apenas analisar sob a perspectiva correta. Apesar do sono, pude ouvir o
murmúrio da voz calma da Senhora Hudson
no andar de baixo há, ao que deduzo, umas duas horas atrás, dizendo-lhe que eu
estava ainda na cama e que você poderia me esperar aqui. Enquanto me trocava,
escutei seus passos apreensivos pela sala de espera e o barulho da corrente de
seu relógio várias vezes, o que claramente, me mostrou que você estava ansioso
para falar comigo, mas não era um portador de boas notícias, se assim fosse,
teria me pedido para acordar imediatamente, mas você preferiu corroer-se com a
aflição de quem não quer perturbar Sherlock
Holmes enquanto ele dorme com notícias ruins. Uma vez que você e seus
homens estavam atrás de um único objetivo, os fatos em si me sugeririam a
resposta. Ela fugiu e você veio aqui na intenção de avisar-me do seu
infortúnio.
-Juro
Holmes que não sei como ela conseguiu. Mantivemos atento-nos o tempo todo e
ainda assim, ela se foi bem diante de nós. Como num passe de mágica.
-Ora
homem, a mágica em si é a sutil arte de desviar a atenção. E este tempo todo
você e seus homens da Scotland Yard foram
apenas meros espectadores da senhorita
Adler.
Ela partiu de Londres ontem à noite no trem para Liverpool.
Pegou os passaportes falsos que encomendara à sir Wallace, um dos melhores
falsificadores de toda a Londres e de lá, partiu para França. Esses são os
fatos que eu sei. Agora, deve estar em qualquer lugar do mundo, menos aqui no
ocidente. Seria arriscado até mesmo para ela manter-se perto por hora.
-Santo
Deus homem e como é que sabe disso tudo? – Perguntou-me Lestrade.
-Porque
eu disfarçado a segui desde que ela saiu também habilmente disfarçada de um
senhor de meia idade, bem diante dos seus homens.
-E
porque é que o senhor não nos alertou Holmes?
-Porque
meu caro Lestrade, eu encerrei o
caso. Está terminado.
-Terminado? Ora, mas o senhor mesmo
acabou de dizer que ela conseguiu fugir! Como pode estar terminado?
-Porque eu digo que está. Irene Adler era um perigo enquanto esteve
por perto. Agora que se foi, não devemos mais nos preocupar com ela.
-Então
isso quer dizer que acabou? – Fitou-me aqueles olhos astutos do inspetor.
-Sim.
Acabou. Nem eu, nem o senhor, nem toda a Londres, jamais ouvirá de novo o nome
Irene Adler. E este é o fim do caso. Agora, poderia fazer-me a bondade de me
passar o Daily Chronicles desta manhã
que está na mesinha. Ah, obrigado. Detestaria começar o dia sem procurar no
jornal um novo caso para minha mente...
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