sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Um Morto entre os vivos e o caso das jóias roubadas. (Um conto de Sherlock Holmes)

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Ele voltou.
Era uma noite de cinco de outubro, eu não me recordo bem de qual ano porque quem costuma anotar tudo para transcrever depois é Watson, eu prefiro guardar os fatos que importam em minha mente e o ano não é relevante.
Eu estava um pouco debilitado naquela época porque me recuperava de uma doença severa. E havia conduzido uma experiência que se provou frustrante na tentativa da cura. De forma que, o que tomei conhecimento naquela noite, me chegou pelo jornal.
Quando terminei de ler a notícia, deduzi pelo barulho dos passos, que o inspetor Lestrade da Scotland Yard bateria em minha porta na 221B da Baker Street em no máximo, dez segundos.
A doença obviamente não me deixou em meu melhor raciocínio, porque levaram onze.
- Senhor Holmes, eu sei que o senhor está enfermo, mas uma desgraça aconteceu hoje. – Disse o bom e velho Lestrade, ainda ofegante, ora pelo cansaço, ora pela excitação.
- Sim eu sei, inspetor. Acabei de ler no jornal. Moriarty retornou dos mortos. – Eu disse calmamente.
-Não Holmes, por Deus, o que eu vim lhe contar e pedir sua ajuda, é que alguém conseguiu roubar as joias da coroa. Uma desgraça para esta nação senhor Holmes.
-Exatamente o que eu disse, Lestrade. Moriarty está vivo. Ninguém no mundo conseguiria tal proeza, além de mim, talvez. Exceto o professor e como mortos não roubam joias reais, a lógica responde a questão. Ele está vivo.
-Mas, eu não entendo Holmes.
-É compreensível que não entenda meu caro. Uma pessoa sobreviver à Reichenbach já é improvável. Duas, mais improvável ainda. Entretanto, é verdade.
-Não é sobre Moriarty estar vivo que eu não entendo. Não entendo como o senhor disse que leu nos jornais, se a notícia do roubo não foi noticiada ainda para não criar alarde?
- Leia esta notícia. – Disse lhe.
- Estivador morre em acidente em Porto de Southampton. – Neste momento, Lestrade me olhou como se a minha doença tivesse me arrancado uma parte do cérebro e eu não falasse coisa com coisa.
- Eu vou lhe poupar a leitura enfadonha da notícia e ir direto ao ponto: A foto que ilustra a notícia, mostra o suposto estivador. Note o anel em seu dedo. É uma insígnia do MI6. Estivador coisa nenhuma, este homem é um desgarrado do serviço secreto britânico. Usou sua influência para conquistar informações para que seus comparsas roubassem as joias, depois, tratou de arrumar um disfarce como estivador no porto para embarca-las clandestinamente e sem que despertasse nenhuma suspeita. O crime foi a mando de Moriarty, não tenho dúvidas e uma vez consumado, ele tratou de apagar o sujeito para não deixar pontas soltas.
- Santo Deus, Holmes, o senhor conseguiu descobrir tudo isso numa foto desbotada de um jornal londrino?
- Só isso não, meu caro. Eu também sei onde elas estão. O Mesmo jornal informa que as atividades no porto tiveram que ser suspensas após a morte do homem. Os navios não puderam atracar, nem desatracar por pelo menos duas horas. Exceto um. Navio de carga SS Sir Bartholomeu que zarpou 10 minutos depois do acidente. Muito conveniente não? As joias estão no navio, que está indo para a Índia nesse momento. Convém à Scotland Yard que o intercepte assim que atracar.
-Senhor Holmes, o senhor é fantástico!
-Não Lestrade, informação é fantástica. Quem tem informação, tem tudo.
Quando terminei, o inspetor estava de boca aberta o que ele fazia sempre que eu solucionava um caso. Este no entanto, não exigiu nada de minha mente brilhante.
-Mas, eu ainda não entendo porque o senhor ligou este caso à Moriarty.
-Ora, simples. Quem mais teria um plano para roubar as joias de vossa majestade? Mais ainda, quem mais teria audácia e meios para executá-lo?
-Mesmo assim, Moriarty pode ter tudo o que quiser, porque se preocupar com as joias?
-Não é as joias que ele quer, é a mim. Claro que ele tinha uma vã esperança que seu plano desse certo, mas no fim, ele só queria chamar minha atenção. Dizer de forma indireta que está de volta. E se ele está de volta, eu Sherlock Holmes também estou Lestrade. Ande, você tem uma carga valiosa para recuperar e eu tenho meu maior rival de volta do além túmulo para capturar.
E foi assim que a nova jornada começou. Mas esta é uma outra história. História que talvez Watson narre à vocês um dia.