domingo, 25 de setembro de 2011

O Poeta na rua da cigana inventada


















Era vago os passos do poeta pela rua da poesia.
Entre meios de ser e existir, não encontrava o caminho
E os passos dados, deixavam rastro em outra história
Que já não era a sua, pois esta ele percorria sozinho.

E no dançar cigano, via a bela mulher de vestido
Dançando uma dança bela que não se dançava.
E pouco a pouco, foram se calando os passos.
E a poesia, era algo que já não falava.

Os castelos invisíveis, eram agora vistos
Por olhos desencontrados, em ruas vazias.
O  ruído de relógios distantes era tudo que se ouvia.
Já nem se sabe ao certo,  que hora batia.

De violino em violino, foi parando o som.
A cigana, encanto ou sonho, foi se embora.
Ficou por ali, apenas o poeta, sem a música.
E as palavras escritas de outrora.

Fantasmas


















-Entre. - Disse o doutor.
Foi a deixa que eu esperava para entrar no desabafo do pior pesadelo de minha vida.
Meu psicólogo era um homem alto, magro e de poucas palavras. Geralmente só me ouvia desabafar, e no final concluía com um “Conte-me mais sobre isso” que muito me irritava.
Mais aquela sessão era especial. Eu estava o usando para exorcizar meus fantasmas.  E sentia uma enorme satisfação por tornar útil um psicólogo. Porque pelo menos os que já passaram por minha vida antes, nunca tiveram uma real serventia.
Seguimos o mesmo processo de rotina,  sentar-me na cadeira esquisita, começar a contar os fatos de minha vida, e o ouvir resmungando atrás de mim.
-Doutor, desta vez o problema são estes fantasmas. – Eu disse.
-Fale-me mais sobre isso. – Ele me disse. Como sempre.
-Claro doutor. Com prazer. – Eu disse, limpando o pigarro da garganta e começando meu diálogo.

“Meu pequeno problema é que há estes pequenos, porém perturbadores  fantasmas em minha lacuna pessoal.  Estes  pequenos pedaços da minha própria história, que me fazem perder a noção dos sentimentos em questão.  E não há, em meu querer, uma vontade própria de expulsá-los.  E falar sobre o problema, é uma barreira tão longa, que não existe a menor possibilidade de ser feita sem o auxílio.”

Eu então fiz uma pausa, porém, não ouvi os resmungos habituais vindos atrás de mim. Então, virei-me lentamente, observando todo o consultório com ávida predestinação. E não havia nele nenhum sinal do meu psicólogo.
Das duas, uma. Ou ele era apenas mais um dos fantasmas da minha existência.  Ou meus problemas pessoais eram tão chatos que ele se levantou e foi embora.

sábado, 24 de setembro de 2011

Amores de um fim de noite



















Olha-me, e no alto ápice de seus olhos, vejo-me.
Recriado numa imaginação pouco extensa.
Mais eu a vejo em meus sorrisos, tão clara
Quanto quem sonha uma lembrança intensa.

Eu a procuro, num dia frio. Querendo coexistir.
E Você, me nota, ainda sem saber direito
se há teor em seu querer.
Sentindo dúvidas ao meu respeito.

Seguimos dançando, por noites em claro.
Em algum brilho de lua, sob um céu nublado.
Nossos sentimentos são assim, como ela.
Mesmo sem os ver, sabemos que caminham lado a lado.

E no fim de cada noite, o beijo dado
Já não te deixa dúvida alguma.
Pois você já sente o mesmo sentimento
Que eu sentia, mesmo sem ter prova nenhuma.

E a inconsistência dos teus sorrisos,
Tornam-se inexistentes por breves momentos.
Até que a música pare, e um novo dia chegue,
Sou eu quem habita seus sentimentos.

domingo, 18 de setembro de 2011

Piedras

















Revejo-te em alguns cantos.
Nem os tantos reflexos, me fazem esquecer.
Pressupostos eram meus conceitos
Que os encantos fizeram-me ver.
Era lentamente o olhar triste, melodioso.
Cantando o vassalo dos cantos que eu te procurava
E de mim, não encontrava nada.
Escadaria fechada. Janela entreaberta. Pessoas na sacada.
Pessoas de pedra. Estátuas de outrora.
Solidão que já não apavora.
Seu olhar triste, parece sentir o que já sentia eu.
Encantos, que se desencontrou e se perdeu.
E a rodovia de carros barulhentos,
Tão perdidos quanto nossos sentimentos
Seguindo pelo asfalto, sem tato.
O cimento concreto que sela a vida de pedra.
O sentimento selado que não se encerra.
De pequenos atos, os passos vão seguindo.
Já não se sabe muito bem onde estão indo.
Mais permanecem.
E seguem, sem imaginar.
Que a queda dos ventos, é brisa sem tempo.
E que as pedras,  um dia souberam amar...

sábado, 17 de setembro de 2011

Intervenção
















O momento era aquele.
E a amplitude do ser tornava-se maior.
Crescia dentro da vontade de crescer
Um amor que o tornava melhor.

Faltava-lhe a intervenção.
Coragem havia de sobra.
Mais não queria se arriscar
E jogar seus sonhos fora.

Mais em tudo que se vê
Há a lógica incompreendida.
E a intervenção que precisava
Finalmente lhe foi adquirida.

E de outros sonhos,
Escreveu-se uma nova história.
Não apenas mais bonita.
Sem os pesos da memória.

As intervenções da vida,
Volta e meia, voltam a acontecer.
Apenas com o propósito
De nos mostrar o quanto é lindo o viver.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

15 de setembro. Homenagem ao aniversário de Limeira

















Limeira, tú bens sabes como te quero bem.
Cidade minha, tão minha que não divido com ninguém.
Cidade de interior, povo perdido no tempo.
Economia  movidas por indústrias de vento.

Limeira, cidade já nem tão pacata assim
Teu povo cresce, e já não pertences mais tanto  a mim.
Povo trabalhador, povo vivente
Que encara as batalhas da vida, sempre olhando pra frente.

Sentado na praça Toledo de Barros,
Caminhando pela biblioteca municipal.
Em homenagem aos seus 185 anos
Escrevo-te este poema especial.

Cidade minha, que amo de coração.
Ainda estamos em um constante aprendizado.
Crescendo, evoluindo e enfrentando a dificuldade.
Limeira, eu te amo, minha pequena pacata cidade.



Queridos amigos, deixo abaixo um link para que possam conhecer um pouco mais desta cidade que muito admiro.




domingo, 11 de setembro de 2011

Amadurecência























Pulsa o mundo. Muda o ritmo.
Pesa o passo, passado vem e volta.
Gira a roda,  rodando apressada.
Poesia torta, recém entoada.

Mundo segue, seguindo sempre.
De árvore morta, a pobre semente

Porta aberta, fresta de esperança.
O dia tique-taqueando pelo relógio.
Palavra oscila, tempo passa
E perde-se o pensamento lógico.

Do viver ao existir, á a diferença
que se vê presente no corpo, longe da crença.

Morre o dia, nasce a noite
E com ela, vem o pensamento.
A idealização da ideia
Daquilo que se pensa no momento.

De pedaços em pedaços,
Aos poucos, ainda à pés descalços
Começamos a mudança da gente
Mudando antes de tudo, a mente.

sábado, 10 de setembro de 2011

Sonhadores

















Caminhamos sempre a dois passos de distância da razão.
Porque nosso livre conceito de identidade pessoal
 Se confunde com alguns aspectos imperceptíveis da emoção
Nos tornando um pouco mais a cada dia, irracional.

Irracional para a razão, diga se de antemão.
Pois o coração, muito sabe das escolhas que faz.
Ora errando por vontade própria,
Mais sempre aprendendo cada vez mais.

Transformamos o pensar, em letras sentimentais.
Numa clara apologia ao sentimento interno não revelado.
Fazemos da nossa pequena e incomparável realidade
Um rarefeito encontro inesperado

E dos sonhos, a realidade se alimenta.
Afugenta-se então o não conformismo.
Porque se ainda prende o que não existe,
De que então será feito nosso idealismo?

Os sonhadores são assim.
Não há meio termo. Nem tão pouco compreensão.
Tudo é apenas um breve sonho sonhado
Que insiste em realiza-lo o coração.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O Teatro Mágico - Eu não sei na verdade quem eu sou




Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
Criando conceito pra tudo que restou?
Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou!
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou!
Perceber da onde veio a vida,
Por onde entrei deve haver uma saída,
Mas tudo fica sustentado pela fé!
Na verdade ninguém sabe o que é!
Velhinhos são crianças nascidas faz tempo!
Com água e farinha eu colo figurinha e foto em documento!
Escola é onde a gente aprende palavrão...
Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou!
Eu não sei na verdade quem eu sou!
Descobri que a cada minuto
Tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
Tem louco pulando o muro, tem corpo pegando doença
Tem gente rezando no escuro, tem gente sentindo ausência!
Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Eu não sei na verdade quem eu sou.

Pra quem ainda não conhece o trabalho da trupe do teatro, segue os Links:
http://oteatromagico.mus.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Teatro_M%C3%A1gico


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Liberdade ou Morte!



7 de setembro de 1822. "Independência ou Morte"  Dom Pedro gritava  às margens do riacho do Ipiranga. Há quem acredite que neste dia, ele estava mesmo é deitado na cama, com uma forte dor de barriga, mais vamos aqui, nos apegar aos fatos históricos.
Hoje, tanto tempo se passou, e eu ainda pergunto: Independência? Ou Morte?
Seria uma grande falta de sensibilidade minha, ainda mais minha, que não nasci em solo brasileiro, cogitar a tal independência do Brasil. Mais, por favor, vamos olhar com um pouquinho mais de atenção aos fatos mais uma vez. Desta vez, não os históricos, mais os concretos.

Do Dicionário Eletrônico Houaiss: 
Independência:  1 - estado, condição, caráter daquele que goza de autonomia, de liberdade com relação a alguém ou alguma coisa 2 - caráter daquilo ou daquele que não se deixa influenciar e que revela imparcialidade de julgamento.

O Brasil de fato nesta data se tornou independente de Portugal. Deixou de ser colônia. Diga-se de passagem, só depois de pagar uma pequena tarifa de 2 milhões de libras esterlinas aos portugueses. Mais e o povo brasileiro? Esta nação digníssima de povo trabalhador e leal? E quanto aos milhões de brasileiros, lutando por ideais justos? Esses será que conhecem o que de fato é independência?

Independência é sinônimo de liberdade. E liberdade é o que precisamos. Queremos um Brasil novo, com menos corrupção. Menos desigualdade. Mais justiça e amor ao povo. É por isso que ainda devemos continuar lutando, porque se conseguimos a independência, no grito, não podemos deixar que calem nossa voz enquanto clamarmos por liberdade e justiça!

Um Bom feriado à todos.

E que o povo brasileiro, nascido nesta terra, ou repatriado pelos anos de convívio, consiga fazer uma vez mais com que seu grito seja ouvido e ecoado pela história.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Minha primeira namorada maluquinha







Ela estava lá, cantando no palco, aquela velha canção que meus ouvidos já conheciam daqueles fins de noite em meu quarto, quando a luz apagada era a única sombra de escuridão em nossa história. Vê-la ali, ainda que apenas por aqueles pequenos momentos antes do fechar das cortinas já me eram de grande valor.
Como já era de costume, eu ficava ali, no fundo do salão oval do teatro Vitória. Chegava sempre alguns minutos depois do espetáculo ter começado, e saía um pouco antes dele acabar. Apenas para que minha presença não fosse notada.  Eu já era sentido na voz suave dela enquanto cantava para o público. E isso me bastava.
Nossa pequena história contada e reinventada pelo tempo, era algo que ia além das pequenas limitações do sentir humano. Éramos arte. Éramos apenas aquilo que tínhamos que ser. Mas que como tudo aquilo que se existe, um dia termina.
Me lembro como se fosse hoje, de quando a conheci. Eu estava perdido na biblioteca municipal, procurando por um livro de Ágatha Chistie, quando ela de repente apareceu do nada, com um livro na mão, e apesar de não nos conhecermos, disse como se já fossemos velhos amigos:
-Toma aqui, leia este livro. É melhor que romances policiais, e tenho certeza que você vai adorar a história.
O livro em questão, era uma versão infanto-juvenil de “Os Miseráveis”. De fato, adorei o livro. Mas lá pelas tantas páginas, encontrei no meio dele um pedaço de papel, com o nome daquela garota maluca e seu número de telefone.
Ela não foi apenas meu primeiro amor. Foi também, um dos mais importantes da minha vida. Foi um namoro rápido. Nos conhecemos, namoramos, e em determinado momento decidimos que era melhor cada um seguir seu rumo. Ela dizia que eu roncava. E eu sempre achei que ela era meio maluca.
Depois ela se mudou para outra cidade, e continuou sua carreira de atriz de uma cia. de teatro que não tinha muito futuro.
Aí, você caro leitor, deve ser perguntar, e o que esse texto tem a ver com este blog? Calma, eu já estou quase chegando na parte das explicações.
Hoje pela manhã, li a nota do casamento dessa maluca na coluna social. O casamento foi realizado no último final de semana. Uma festa maravilhosa, e ela estava linda. Apesar de eu ainda achar que noivas devam se casar de vestido branco, e não aquele vestido roxo que ela estava usando. O fato é que isso me encheu de uma estranha felicidade.
Minha primeira namorada maluquinha estava agora casada. Isso me fez pensar que na vida, todos os pequenos momentos, não são apenas lembranças que passam. Elas ficam. E volta e meia, se fazem presentes em nosso caminho. Para nos lembrar que sempre tivemos motivos para sorrir, e que sempre haverão coisas boas a serem vividas.
Este texto, é em homenagem àquela maluca, que chegou do nada, ficou pouco tempo, mas sempre será lembrada com carinho, como a minha primeira namorada maluquinha.

domingo, 4 de setembro de 2011

Eus













Tem dias que me encontro.
Perdendo-me, reinvento.
Sentimentos abstratos
Desencontros reencontrados.

Tem dias, que eu me conheço.
Pelo pouco que me descrevo
Vejo que sou faces entre “eus”
Diferentes de tudo aquilo que vejo.

Em alguns, poucos momentos,
Sou o contrário do que imagino
Ou se por assim posso dizer
Gosto de ser o imaginário do que sinto.

Porque entre todos os meus eus
Ainda canta forte a poesia sonora
Aquela que não vive só dentro do poeta
Mais ecoa em quase tudo à sua volta

E do contrário reticente
Que em mim se faz presente
Meus eus vão tornando-se afins.
Aprendendo pouco a pouco
A tornarem-se pequenas partes de mim...