Foi a deixa que eu esperava para entrar no desabafo do pior pesadelo de minha vida.
Meu psicólogo era um homem alto, magro e de poucas palavras. Geralmente só me ouvia desabafar, e no final concluía com um “Conte-me mais sobre isso” que muito me irritava.
Mais aquela sessão era especial. Eu estava o usando para exorcizar meus fantasmas. E sentia uma enorme satisfação por tornar útil um psicólogo. Porque pelo menos os que já passaram por minha vida antes, nunca tiveram uma real serventia.
Seguimos o mesmo processo de rotina,sentar-me na cadeira esquisita, começar a contar os fatos de minha vida, e o ouvir resmungando atrás de mim.
-Doutor, desta vez o problema são estes fantasmas. – Eu disse.
-Fale-me mais sobre isso. – Ele me disse. Como sempre.
-Claro doutor. Com prazer. – Eu disse, limpando o pigarro da garganta e começando meu diálogo.
“Meu pequeno problema é que há estes pequenos, porém perturbadoresfantasmas em minha lacuna pessoal.Estespequenos pedaços da minha própria história, que me fazem perder a noção dos sentimentos em questão.E não há, em meu querer, uma vontade própria de expulsá-los. E falar sobre o problema, é uma barreira tão longa, que não existe a menor possibilidade de ser feita sem o auxílio.”
Eu então fiz uma pausa, porém, não ouvi os resmungos habituais vindos atrás de mim. Então, virei-me lentamente, observando todo o consultório com ávida predestinação. E não havia nele nenhum sinal do meu psicólogo.
Das duas, uma. Ou ele era apenas mais um dos fantasmas da minha existência.Ou meus problemas pessoais eram tão chatos que ele se levantou e foi embora.
Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
Criando conceito pra tudo que restou?
Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou!
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou!
Perceber da onde veio a vida,
Por onde entrei deve haver uma saída,
Mas tudo fica sustentado pela fé!
Na verdade ninguém sabe o que é!
Velhinhos são crianças nascidas faz tempo!
Com água e farinha eu colo figurinha e foto em documento!
Escola é onde a gente aprende palavrão...
Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou!
Eu não sei na verdade quem eu sou!
Descobri que a cada minuto
Tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
Tem louco pulando o muro, tem corpo pegando doença
Tem gente rezando no escuro, tem gente sentindo ausência!
Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!
Mas eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Eu não sei na verdade quem eu sou.
7 de setembro de 1822. "Independência ou Morte" Dom Pedro gritava às margens do riacho do Ipiranga. Há quem acredite que neste dia, ele estava mesmo é deitado na cama, com uma forte dor de barriga, mais vamos aqui, nos apegar aos fatos históricos.
Hoje, tanto tempo se passou, e eu ainda pergunto: Independência? Ou Morte?
Seria uma grande falta de sensibilidade minha, ainda mais minha, que não nasci em solo brasileiro, cogitar a tal independência do Brasil. Mais, por favor, vamos olhar com um pouquinho mais de atenção aos fatos mais uma vez. Desta vez, não os históricos, mais os concretos.
Do Dicionário Eletrônico Houaiss:
Independência: 1 - estado, condição, caráter daquele que goza de autonomia, de liberdade com relação a alguém ou alguma coisa 2 - caráter daquilo ou daquele que não se deixa influenciar e que revela imparcialidade de julgamento.
O Brasil de fato nesta data se tornou independente de Portugal. Deixou de ser colônia. Diga-se de passagem, só depois de pagar uma pequena tarifa de 2 milhões de libras esterlinas aos portugueses. Mais e o povo brasileiro? Esta nação digníssima de povo trabalhador e leal? E quanto aos milhões de brasileiros, lutando por ideais justos? Esses será que conhecem o que de fato é independência?
Independência é sinônimo de liberdade. E liberdade é o que precisamos. Queremos um Brasil novo, com menos corrupção. Menos desigualdade. Mais justiça e amor ao povo. É por isso que ainda devemos continuar lutando, porque se conseguimos a independência, no grito, não podemos deixar que calem nossa voz enquanto clamarmos por liberdade e justiça!
Um Bom feriado à todos.
E que o povo brasileiro, nascido nesta terra, ou repatriado pelos anos de convívio, consiga fazer uma vez mais com que seu grito seja ouvido e ecoado pela história.
Ela estava lá, cantando no palco, aquela velha canção que meus ouvidos já conheciam daqueles fins de noite em meu quarto, quando a luz apagada era a única sombra de escuridão em nossa história. Vê-la ali, ainda que apenas por aqueles pequenos momentos antes do fechar das cortinas já me eram de grande valor.
Como já era de costume, eu ficava ali, no fundo do salão oval do teatro Vitória. Chegava sempre alguns minutos depois do espetáculo ter começado, e saía um pouco antes dele acabar. Apenas para que minha presença não fosse notada. Eu já era sentido na voz suave dela enquanto cantava para o público. E isso me bastava.
Nossa pequena história contada e reinventada pelo tempo, era algo que ia além das pequenas limitações do sentir humano. Éramos arte. Éramos apenas aquilo que tínhamos que ser. Mas que como tudo aquilo que se existe, um dia termina.
Me lembro como se fosse hoje, de quando a conheci. Eu estava perdido na biblioteca municipal, procurando por um livro de Ágatha Chistie, quando ela de repente apareceu do nada, com um livro na mão, e apesar de não nos conhecermos, disse como se já fossemos velhos amigos:
-Toma aqui, leia este livro. É melhor que romances policiais, e tenho certeza que você vai adorar a história.
O livro em questão, era uma versão infanto-juvenil de “Os Miseráveis”. De fato, adorei o livro. Mas lá pelas tantas páginas, encontrei no meio dele um pedaço de papel, com o nome daquela garota maluca e seu número de telefone.
Ela não foi apenas meu primeiro amor. Foi também, um dos mais importantes da minha vida. Foi um namoro rápido. Nos conhecemos, namoramos, e em determinado momento decidimos que era melhor cada um seguir seu rumo. Ela dizia que eu roncava. E eu sempre achei que ela era meio maluca.
Depois ela se mudou para outra cidade, e continuou sua carreira de atriz de uma cia. de teatro que não tinha muito futuro.
Aí, você caro leitor, deve ser perguntar, e o que esse texto tem a ver com este blog? Calma, eu já estou quase chegando na parte das explicações.
Hoje pela manhã, li a nota do casamento dessa maluca na coluna social. O casamento foi realizado no último final de semana. Uma festa maravilhosa, e ela estava linda. Apesar de eu ainda achar que noivas devam se casar de vestido branco, e não aquele vestido roxo que ela estava usando. O fato é que isso me encheu de uma estranha felicidade.
Minha primeira namorada maluquinha estava agora casada. Isso me fez pensar que na vida, todos os pequenos momentos, não são apenas lembranças que passam. Elas ficam. E volta e meia, se fazem presentes em nosso caminho. Para nos lembrar que sempre tivemos motivos para sorrir, e que sempre haverão coisas boas a serem vividas.
Este texto, é em homenagem àquela maluca, que chegou do nada, ficou pouco tempo, mas sempre será lembrada com carinho, como a minha primeira namorada maluquinha.