domingo, 31 de março de 2013

Relutância

















Mantenha a cidade limpa dizia o cartaz
Políticas públicas,  ou sujas tanto faz
Governo indecente  quem mente ao povo
Descrente de quem já ouviu tudo isso antes
Sem esperanças, agora sofre de novo
Cidade limpa, de negros, homossexuais
Mas e o livre arbítrio e o tal direitos iguais?
E o cidadão que já não aguenta mais?
Como faz?
Como fez o prefeito, deputado ou senador
Que joga no lixo o valor de todo respeito e amor?
Cidade indigesta, país indigente
E a gente
Ficando sem fala
Ou falando às paredes sobre corruptos
Homens públicos, também chamados de putos
Acorda país, seus direitos estão ali na esquina
Sendo levados pelas enchentes
E vendidos pelos traficantes de cocaína
Suas lutas, incubadas pelos seus temores
Transformando Brasília num circo de horrores
Num triste pesadelo, querendo acordar
-Acorda poeta, o dia nasceu, é hora de trabalhar.


domingo, 24 de março de 2013

Ana e o Mar - O Teatro Mágico




Veio de manhã molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar e se entregou ao vento
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
Desse novo amor... Ana e o mar

segunda-feira, 18 de março de 2013

18 de Março


















Céu escuro, cor das cinzas do cigarro sobre a mesa
E a lembrança presa nos últimos fragmentos
De um amor perdido entre palavras 
E versos de poemas jogados aos ventos

Hoje sempre será um dia daqueles que tento esquecer
Para me perdoar pelas coisas que eu nunca tentei
E talvez chorar as últimas lágrimas sensatas
Daquele primeiro amor pelo qual nunca amei.

Uma data, como tantas outras no antigo calendário
Sobre a mesa do quarto, ainda rabiscado pelo teu aniversário
Como se a partida, fosse o ponto de encontro
Do meu próprio e sincero  desencontro

Sentimentos não morrem da noite pro dia
Mas volta e meia, voltam a virar nova poesia
Para contar sobre dias que tirei do calendário
Fazendo das palavras, o sentimento necessário

Adicionando sombra nas lembranças
Mudando o tom da voz do esquecimento
Fugindo de detalhes presos à memória
Pra te tirar de vez  do pensamento


Hoje, é uma data como todas as outras...
E o resto é nada mais







segunda-feira, 11 de março de 2013

Passageiro


















Passageiro de frestas e arestas mal abertas
Nessa e em outras vidas atrevidas ao descaso
Vidas de passeio, sujeito raro que mal sabe onde ir
Mas chega onde quer  sem contar com o acaso

Passageiro de outras histórias, contadas às pressas
Por gente que trabalha  a malha das noites mal dormidas
Alheio aos pensamentos de quem pensa demais
Todo poeta passeia por histórias de outras vidas

Viagens entre devaneios, choros e tristeza
Embriagados por felicidades quase desconcertantes
Trazendo letras nas bagagens  por todos os rumos
E poesias que cantam suas melodias berrantes

Poesias que rodam a dança dos ventos
Que tiram as palavras pra dançar no terminal
E pegam um voo pro sul, tão longe de nós
Onde as histórias já não terminam com um ponto final...