terça-feira, 28 de junho de 2011

(In)Dignidade













Havia naquele choro, uma mágoa disfarçada
Entre silêncio forçado e palavras entupidas
Sobre memórias e pesares,
No que antes sobrepunha a vida.

Eu vi o frio que mata
Pobres almas enroladas em papelão
Numa noite horrenda
Jogados, como lixo pelo chão.

Vi ainda, os que poderiam ajudar
Autoridades que nada fizeram
Recolheram os corpos naquela manhã
E nenhuma palavra disseram.

Havia naquele choro, um implorar.
Um pedido de socorro abafado
Que a brisa gélida de um junho
Tornou-se o silêncio selado.

Não é sobre um cobertor
Nem sobre o que se fazer.
É apenas sobre pobres humanos
Que por direito mereciam viver.

4 comentários:

  1. Canata,
    é tão triste esse olhar da sociedade para com eles,a cada dia perdem o sentido da existência!
    triste...
    Como sempre suas palavras sempre profundas!
    Beijos

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  2. O frio da alma é o pior de todos...
    Gostei da visão que tens a respeito de tema tão pouco debatido. Mesmo que em versos, temos que nos fazer presentes expondo os problemas que afligem nossa humanidade menos favorecida...

    bj

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  3. Nossa, triste isso, mas um sentimento da madrugada humana.

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  4. Realmente é muito triste essa realidade. Gostei que você tenha poetizado esse fato. Um abraço, Yayá.

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