segunda-feira, 29 de abril de 2013
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Amigo Canário

No alto do morro, do páteo da casa velha
Canário de canto forte, amarelado da cor da terra
Da manha na fazenda, as lembranças
Do canto da vida que levo desde criança
Café coado em coador de pano
Longe da cidade e seus ruídos insanos
a vida no mato se renova a cada dia.
E o canário bem disposto, entoa a cantoria.
Fazendo companhia ao poeta aprendiz
Viver nesse cantinho de mundo me faz feliz
E felicidade é um canto que se canta com gosto
E o canário lá fora, acompanha a melodia com gosto.
E de canto em canto, vamos seguindo
às vezes abatido, mas sempre sorrindo
Porque não há alegria maior que viver apaixonado
Sempre na boa companhia, de meu amigo amarelado...
Esta poesia é um presente pra querida amiga Denise Oliveira do blog: Detalhes, pela ideia da poesia.!
Conto - Do que é feita a vida senão de sonhos?
Veio me dizer naquela tarde o jovem sonhador da rua dos
Alencares. E aliás, diga se de passagem, nunca vi nome tão extravagante para
uma rua. O nome com certeza não era esse, mas era assim que todos nós a
conhecíamos, pelo fato de lá ser a morada de quatro famílias com sobrenome
iguais, mas que nunca se conheceram.
Mas esta não é uma historia sobre a rua, nem sobre a
cidade, mas sim sobre as pessoas e seus sentimentos.
No momento mais amargo de minha vida, um velho, a beira
da morte não poderia esperar muita coisa, senão relembrar seus velhos amores e
as desilusões por eles causados. Tenho mais anos do que um garoto do primário
possa contar e meu nome não passa de um borrão de tinta num pedaço de papel do
cartório municipal. Perdi meu grande
amor quando tinha dezessete anos, e isso já faz tanto tempo, que é a única
lembrança que tenho daquela época.
Eu a vi partir numa manhã de inverno, quando havia
realmente inverno nessas terras, saiu pela porta como quem vai a padaria
comprar o café da manhã e nunca mais voltou.
Recebi uma carta algumas semanas depois, dizendo que
tinha seguido seu coração e embarcado junto à uma companhia de teatro
norueguesa. Nunca fiz objeções. Nunca
falei dela antes, mas se a morte bate a porta de um velho, talvez seja a última
vez que ele possa contar-lhe sua história.
Casei-me algumas vezes. Maria, Alice, Bernarda e
Constância. A Todas dediquei amor, mas nunca um amor sincero. Nunca as traí.
Nossos relacionamentos nunca duraram, porque mais dia ou menos dia, elas
descobriam que eu era um velho amargo, cheio de lembranças de um amor passado
que nunca morria.
E sim, viver de lembranças podem arruinar um homem.
Fiz dinheiro nos negócios, fui um bom pai e avô para com
minha família, nunca deixei faltar absolutamente nada a nenhum deles. Mas
faltava-me o amor. O amor perdido que foi que consumindo, consumindo, até que
eu não conseguisse suportar.
E no final, quando o ciclo da vida se encerra, tudo o que
tenho são as lembranças dela para meu consolo.
A morte chegou algumas horas depois da visita do jovem da
rua dos alencares. Sentou elegante à mesa, e esperou que o café ficasse pronto.
Sentamos e tomamos alguns goles, eu, sem açúcar e ela com uma pequena dose de
conhaque que restara numa garrafa que eu nem lembrava mais que tinha.
No final, disse baixinho em meu ouvido: “ É chegada a
hora, ela está te esperando do outro lado para viver tudo o que ainda não foi
vivido.”
E então eu deitei-me no velho sofá da sala, pensando
comigo enquanto partia:
“Do que é feita a vida, senão de sonhos?
...”sábado, 13 de abril de 2013
Embriaguez
E o poeta sentado, na mesa do bar assiste a madrugada
O tempo passa, sem glamour nem tédio
E a manhã no topo do mundo anuncia sua chegada
Não tão frio que não sinta apego
Nem tão bêbado que não possa voltar pra casa
Caminhando de volta em mais uma noite mal dormida
Anseia pela
chegada, com o mesmo fulgor da partida
E dos avessos do seu entendimento
Corre contra o próprio tempo sem pensar
Era ele o poeta dos sonhos de outra vida
Procurando alternativas para amar
E no cinzeiro da manhã nublada
Via os caminhos que não levam a nada
Na estrada dos despropósitos da vida
Onde guardava as lembranças perdidas
E o encontro era silêncio, sem peso
O dia que começava, seguia a esmo
Sem questão de ser compreendido
Ele seguia, nem sempre sorrindo
Mas seguia em frente, mesmo tendo os rastros
Às voltas com o passado tão difícil de passar
Nas outras madrugadas seguintes, era ele
O mesmo poeta, nas esquinas, querendo apenas amar...
Matéria do Estado de S. Paulo: Lygia Fagundes Telles, testemunha literária
A leitura de hoje, é a reprodução da matéria de Ubiratan Brasil do Jornal: O Estado de S. Paulo com uma entrevista a escritora Lygia Fagundes Telles, publicada no caderno Sabático
(Para ler a entrevista diretamente na Página do Jornal Estadão Acesse o Link: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lygia-fagundes-telles-testemunha-literaria,1020463,0.htm)
(Para ler a entrevista diretamente na Página do Jornal Estadão Acesse o Link: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lygia-fagundes-telles-testemunha-literaria,1020463,0.htm)
Lygia Fagundes Telles, testemunha literária
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Incólume
Esqueço-me. Como se quisesse reinventar meus detalhes. Como se palavras definissem lembranças, ou deixassem esconder marcas inquietas por baixo da alma cansada das desilusões. Me procuro em silêncios, e não estou lá. Talvez na mesa de um bar, num telefone que toca em vão. Talvez eu esteja lá, no tempo desperdiçado em conversa fiada, num tempo que já não é mais nosso, ou em alguma letra de uma música lenta que já não toca mais nas rádios.
Só não sou feito de mentiras.
E no meio de todas essas confusões, as pessoas não entendem quem eu sou. E a essas pessoas, não tenho respostas. Porque enquanto houver ela aqui dentro, eu nunca vou saber quem eu sou de verdade. Apenas uma sombra na noite que não consegue dormir. Apenas uma lembrança que não muda, que não vai embora e nem permanece onde devia. Mas são essas as idas e vindas de histórias inacabadas. E a mim, só cabe o silêncio e as palavras ao mesmo tempo.
O silêncio para acalmar a alma.
E as palavras para tentar me encontrar.
Só não sou feito de mentiras.
E no meio de todas essas confusões, as pessoas não entendem quem eu sou. E a essas pessoas, não tenho respostas. Porque enquanto houver ela aqui dentro, eu nunca vou saber quem eu sou de verdade. Apenas uma sombra na noite que não consegue dormir. Apenas uma lembrança que não muda, que não vai embora e nem permanece onde devia. Mas são essas as idas e vindas de histórias inacabadas. E a mim, só cabe o silêncio e as palavras ao mesmo tempo.
O silêncio para acalmar a alma.
E as palavras para tentar me encontrar.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Vivendo de novo
Até ver de perto tudo ser levado pelo vento
Como castelos de cartas caindo num vendaval
E a vida desmoronando em um dia tão igual
Eu vi as desconstruções das muralhas da alma
Vi o céu ruir em azul toda sua força calma
Vi senhores que dominavam a multidão
Levantarem vôos e
sumirem na imensidão
E então eu acordei da minha vida tão silenciosa
E vi o céu sorrindo para mim em tons vermelhos e rosa
E nada mais era tão importante quanto seguir em frente
Deixar ficar todo o vazio, e levar no coração tudo que se
sente
E lá fora, dentro dessa vida nova, alguém cantava aquela
canção
Deixando na boca o gosto de despertar de corpo alma e
coração
Para uma vida sem os cegos castelos de areia à beira-mar.
Dali para frente, eu sabia que se pudesse sorrir, também
podia amar.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Invólucro Pensamento

Penso.
Não descrevo realismo
Mas comodismo
Muito me incomoda.
Sem reticências
A semântica das palavras,
Fluir em antítese
No paradoxo do pensar
Amar, não só por amar
Semanal
mente
O que se sente
Ao avesso
Do avesso das palavras
Do abraço às mãos dadas
Semeando
ando
ando amando
Ando acordado.
Porque se penso
Logo incomodo
Os sonhos
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